Organominerais - Novo Conceito de Fertilização
Agronomia

Organominerais - Novo Conceito de Fertilização


Segundo o Canal Rural, os fertilizantes organominerais vem crescendo nos últimos anos, ocupando um espaço importante na agricultura brasileira. A EMBRAPA aponta que o consumo de organominerais pode chegar a 15 milhões de t/ano em 2015 e de 20 milhões de t/ano até 2020.Com isto, o passivo ambiental da avicultura e suinocultura poderá ser reduzido em 80%.

O que é um fertilizante organomineral?

São produtos de origem orgânica enriquecidos com nutrientes minerais. A parte orgânica, como turfa, dejetos de porcos e aves, é  enriquecida com nutrientes minerais obtidos da indústria química de produção de fertilizantes, como, por exemplo, o fósforo dos superfosfatos, o nitrogênio das matérias-primas nitrogenadas, o potássio do cloreto, micronutrientes, etc.
A turfa é obtida através a decomposição de resíduos vegetais pela ação de bactérias e enzimas, rica em nutrientes, entre esses o carbono.
A parte orgânica pode ser obtida através dos resíduos orgânicos encontrados na propriedade rural, ou provenientes do meio urbano ou das indústrias. A propriedade rural é rica em resíduos orgânicos como palha de trigo, palha de arroz, vinhaça, madeira, estercos de bovinos, suínos, camas de frango, etc. As indústrias, as mais variadas, também são ricas em resíduos oriundos da sua atividade. O lodo de esgoto é outra forma de resíduo que, após tratamento adequado, pode ser utilizado diretamente no solo. Todo este material depositado no meio rural, na indústria ou na cidade causa grandes impactos ao meio ambiente. Daí, a necessidade de dar-lhe uma finalidade, ou seja, transformá-lo em adubo orgânico.
Além dos organominerais, existem outros tipos de fertilizantes orgânicos como os orgânicos simples, os mistos e os compostos. Vamos diferenciá-los:
a) adubo orgânico simples: torta de mamona, borra de café, esterco de bovinos, cama de frango, ou seja, todo resíduo de origem vegetal ou animal;
b) adubo orgânico misto - resultado da mistura de dois ou mais orgânicos simples. Por exemplo, a cinza, que contém potássio (K) mais torta de mamona que é rica em nitrogênio (N);
c) adubo orgânico composto - é um fertilizante não natural obtido por processo químico, físico ou físico-químico e enriquecido com nutrientes minerais;
d) adubo organomineral - resulta da mistura física ou da combinação de fertilizantes orgânicos e minerais, como cama de frango mais adubo mineral NPK.

Benefícios da utilização de organominerais

 
Ao se analisar as propriedades de um organomineral, devemos pensar nas vantagens que a matéria orgânica incorpora ao solo. Por isto, os organominerais trazem benefícios para o solo:
- melhora as propriedades físicas do solo. A planta encontra um meio propício para desenvolver um bom sistema radicular, tanto em área como em profundidade. São condições que vão beneficiar um maior número de raízes que absorverão maior área de nutrientes e água;
- eleva a capacidade de retenção de água. Isto proporciona às plantas a vantagem de enfrentar melhor os períodos de estiagem;
- aumenta a porosidade do solo. Maior aeração do solo;
- aumenta a capacidade de absorção do solo;
- aumenta a CTC do solo. Com isto mais cargas negativas no solo, favorecendo os processos de troca;
- aumenta a disponibilidade de nutrientes essenciais às plantas;
- favorece o crescimento de micro-organismos que vão decompor os resíduos e ajudar na mineralização;
- minimiza as perdas de nutrientes do solo: pela lixiviação - nitrato e potássio; pela volatilização - ureia; pela fixação do fósforo, pela erosão. Esta vantagem traz o benefício de uma maior eficiência agrícola dos adubos aplicados. Eliminando-se as perdas, pode-se pensar em reduzir a quantidade a ser aplicada. O produtor deve consultar a assistência técnica que orienta a sua propriedade sobre esta redução;
- reduz o impacto no meio ambiente provocado pela exploração agropecuária;
- eleva a produtividade do solo;
- reduz em até 10% o uso de fertilizantes químicos;

Os organominerais no contexto da legislação de fertilizantes


A legislação brasileira de fertilizantes exige que os organominerais devam apresentar as seguintes garantias:
a) matéria orgânica total mínima de 25%;
b) umidade máxima de 20%;
c) teores de N, P2O5 e K2O conforme declarado no registro do produto;
d) somatório das concentrações de NPK, NP, NK ou PK de no mínimo 12%;
e) constituído, no mínimo, por 50% de matérias-primas de origem orgânica.

Ou seja, numa tonelada, o fertilizante organomineral deve ter 500 kg ou mais de produto de origem orgânica. O restante é completado com fertilizantes minerais. Como o produto orgânico apresenta nutrientes em pequenas quantidades, é necessário a adição de fertilizantes minerais que vão fornecer, em maior quantidade, os nutrientes exigidos para cada cultura.

Nos cultivos orgânicos, as normas da "agricultura orgânica", proíbe o uso de fertilizantes minerais industrializados, solúveis, e a maioria de defensivos agrícolas. Somente fertilizantes naturais e de baixa solubilidade, calcário e pó de rocha são permitidos. Em casos excepcionais e com autorização é permitido o uso de termofosfato, de sulfatos de potássio ou de magnésio de guano.
O composto pode ser um dos pontos de partida para a obtenção do fertilizante organomineral. Hoje existe produto que acelera a decomposição deixando o produto pronto em 10 dias, ao contrário dos até 40 dias que eram necessários para a compostagem estar pronta para o uso. Após isto, acrescenta-se os adubos minerais nas quantidades ideais para cada cultura e conforme a orientação técnica. Hoje encontramos os organominerais apresentados na forma granulada ou na forma fluída.

Há, também, os organominerais peletizados com o NPK no grão. Há, ainda, os fertilizantes organominerais obtidos de extrato de algas com adição de nutrientes minerais e que apresentaram bons resultados em pesquisa conforme Frandaloso et al. (2012).

SANTOS, Diego et al. estudando a mistura de torta de filtro com fosfatados solúveis no rendimento da cana-de-açúcar chegaram à conclusão que a torta de filtro aplicado no sulco de plantio da cana tem potencial para substituir parcialmente o fósforo com o objetivo de melhorar a qualidade e a produtividade de açúcar.
TIRITAN et al. estudando a ação do organomineral em comparação à adubação convencional, no milho safrinha, na localidade de Maracaju/MS, chegaram à conclusão que o organomineral pode substituir o adubo convencional, mantendo a produtividade do milho, por possuir baixo custo e eficiência semelhante ao adubo químico.
FERNANDES et al. realizaram um trabalho de avaliação de fertilizantes organominerais e químicos na fertirrigação do cafeeiro irrigado por gotejamento, com aplicação de adubação de cobertura convencional, adubação de cobertura com adubos convencionais por irrigação, adubação de cobertura com fertilizantes próprios para irrigação, de alta solubilidade, adubação de cobertura com fertilizantes orgânicos sólidos e adubação de cobertura com organominerais líquidos. As doses de NPK foram as mesmas para todos tratamentos. Os autores chegaram à conclusão que as fontes utilizadas, tanto no solo como na irrigação, não apresentaram diferenças significativas em termos de produção. Com relação à qualidade do café não houve diferenças significativas entre as fontes.
Neste caso, mesmo que não houve diferenças significativas, é possível observar que se pode reduzir o custo da adubação, pois o uso exclusivo de fertilizantes minerais torna-se mais caro devido aos custos de importação das matérias-primas e de produção nacional.

REFERÊNCIAS


FERNANDES. A.T.A; SANTINATO, R.; DRUMOND, L.C.D; OLIVEIRA, C. de; Avaliação de fertilizantes organominerais e químicos na fertirrigação do cafeeiro irrigado por gotejamentto. Revista Brasileira de Engenharia Agricola e Ambiental. V, II, nº 2, pg 159-166, 2007. Campina Grande, PB. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rbeaa/v11n2/v11n2a05.pdf> Acesso em: 19 Abr. 2015

FRANDALOSO, G.M; SILVA, A.N. da; FIORIN, J.E. Fertilizantes organominerais com extrato de algas na cultura da soja. Unicruz. Nov. 2012. Disponível em: <http://www.unicruz.edu.br/seminario/downloads/anais/ccaet/fertilizantes%20organominerais%20com%20extrato%20de%20algas%20na%20cultura%20da%20soja.pdf> Acesso em: 20 Abr. 2015.

SANTOS, D.H.; SILVA. M de. A.; TIRITAN, C.S.; FOLONI, J.S.S.; ECHER, F.R. Qualidade tecnológica da cana-de-açúcar sob adubação com torta de filtro enriquecida com fosfato solúvel. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. V.15, nº5, pg 443 a 449. Campina Grande, PB. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbeaa/v15n5/v15n5a02.pdf>  Acesso em: 20 Abr. 2015.

TIRITAN, C.S.; SANTOS, D.H. Resposta do milho safrinha à adubação organomineral no município de Maracaju-MS. UNOESTE. Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão. Presidente Prudente. 22 a 25 Out. 2012. Disponível em: <http://www.unoeste.br/site/enepe/2012/suplementos/area/Agrariae/Agronomia/RESPOSTA%20DO%20MILHO%20SAFRINHA%20A%20ADUBA%C3%87%C3%83O%20ORGANOMINERAL%20NO%20MUNIC%C3%8DPIO%20DE%20MARACAJU-MS.pdf> Acesso em: 20 Abr. 2015.



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