Azospirillum Substituindo Adubação Nitrogenada de Cobertura no Trigo
Agronomia

Azospirillum Substituindo Adubação Nitrogenada de Cobertura no Trigo



O trigo é uma planta que consome bastante nitrogênio, pois é responsável na formação de perfilhos, na formação de nós no início do alongamento. Pesquisas realizadas mostraram que a planta de trigo consome mais ou menos 50% do nitrogênio aplicado devido às perdas de N por lixiviação, desnitrificação e volatilização. Este problema representa perda de dinheiro no bolso do produtor. O adubo nitrogenado é caro para o produtor suportar estas perdas. A inoculação com bactérias do gênero Azospirillum ganha um papel predominante no desenvolvimento da planta.
Azospirillum são bactérias encontradas tanto no interior como na superfície de raízes
das plantas de trigo, milho, arroz, sorgo e aveia. Estas bactérias ajudam na nutrição nitrogenadas das culturas.  O que a pesquisa busca  na inoculação das sementes de trigo com Azospirillum é reduzir a adubação nitrogenada, sem prejudicar a produtividade da cultura, da qualidade da farinha, tanto para os moinhos como para a panificação.
No geral, a recomendação de adubação nitrogenada no trigo é feita de duas maneiras: uma adubação de base - geralmente 1/3 da recomendação total de N e os restantes 2/3 são aplicados 30 a 40 dias após a emergência da planta. No período da emergência até a diferenciação do primórdio floral, a falta de nitrogênio causa sérios prejuízos como a redução do número de espigas por área, na formação de espiguetas por espigas e na massa de 1.000 grãos de trigo.
Segundo Souza e Lobato, cada tonelada de trigo produzida exporta 25 kg de N. Para alguns autores a época de emissão da sétima folha é o período crítico para suprimento de nitrogênio.
A inoculação de gramíneas com bactérias fixadoras de N atmosférico é um trabalho desafiante, pois as gramíneas não formam nódulos nas raízes como acontece com as leguminosas.
A bactéria Azospirillum brasilense se caracteriza por influir num maior desenvolvimento do sistema radicular da planta, pela liberação de substâncias promotoras de crescimento e, com isto, há uma maior área de absorção de água e nutrientes do solo pela planta.
O gênero Azospirillum pertence ao que chamamos Bactérias Promotoras de Crescimento das Plantas - BPCP.
O inoculante específico para trigo é, geralmente, aplicado na dose de 250 g/50 kg de semente, sendo adicionado 300 ml/50 kg de semente de uma solução açucarada a 10%. A solução açucarada é distribuída sobre as sementes e depois aplica-se o inoculante, agita-se bastante e deixa-se secar à sombra por 15 minutos. No caso de inoculante líquido, em geral, se aplica 200 ml/50 kg de semente de trigo.
Diversas pesquisas realizadas pela EMBRAPA mostraram resultados significativos para aumento da produção de trigo e milho, tanto na aplicação de inoculante via turfoso como via líquida. O produtor, pela facilidade de aplicação, prefere a utilização do inoculante na forma líquida.
O produtor quando comprar inoculante deve levar em conta uma série de cuidados, como:
1. prazo de validade do inoculante constando na embalagem. Não comprar inoculante com prazo vencido;
2. verificar se o produto estava armazenado em condições adequadas de umidade e temperatura. A temperatura deve ser , no máximo, 30º C. Na propriedade, o inoculante deve ser protegido do sol e guardado num lugar arejado;
3. verificar se o inoculante possui a concentração exigida pela legislação. Em caso de dúvida consulte uma assistência técnica de sua região, bem como a época de inocular as sementes, para uma melhor orientação.

COLLING et ali, estudando a "Eficiência agronômica de Azospirillum na cultura do trigo" chegaram à conclusão que houve reposta à aplicação de Azospirillum na cultura do trigo.

SALA et ali, estudando a "Resposta de genótipos de trigo à inoculação de bactérias diazotróficas em condições de campo", estabeleceram as seguintes conclusões:
1. Há aumento de produção com a inoculação de Azospirillum, Achromobacter e Zoogloea na cultura do trigo;
2. Não há especificidade dos genótipos de trigo empregados e essas novas bactérias endofíticas;
3. O local de cultivo influencia as respostas obtidas com a inoculação;
4. O maior incremento na produtividade de grãos é obtido na ausência de N adicional;
5. A inoculação proporciona maior rentabilidade à cultura do trigo.

Segundo Döbereiner (1992), bactérias diazotróficas são aquelas capazes de fixar o nitrogênio do ar (N2) e colonizam o interior de tecidos vegetais sem causar sintomas de doenças.

Nossa opinião:

Se a inoculação de sementes de trigo proporcionar aumento de rendimento, como comprovam resultados de pesquisa, já é um ganho para o produtor, pois a redução da aplicação de adubação nitrogenado acarretará uma diminuição dos custos de produção. Mesmo que a produção seja pequena ou, na pior das hipóteses, igual ao que o produtor vinha obtendo anteriormente, só o ganho conseguido com a redução da adubação nitrogenada já é um fator positivo, pois há um aumento no balanço da receita x despesa. Além disto, um benefício ao meio ambiente. Por isto, como sempre digo, o produtor deve experimentar na sua propriedade, numa pequena área, esta prática comparando-a com aquela que vem sendo adotada na lavoura. Mas não basta comparar visualmente. É preciso tomar nota dos gastos, tanto na área tradicional como na área experimental, para comparar o que foi gasto e o que foi recebido. Assim o produtor rural poderá ver o que conseguiu em termos de diminuição do adubo nitrogenado em cobertura. Além disto, comparar a qualidade da farinha nas duas áreas. Consultar sempre a assistência técnica de sua região. Uma análise de solo é importante, para recomendação da quantidade de nitrogênio.


REFERÊNCIAS

COLLING, A.; FIORIN, J.; NOWICKI, A.; WYZYKOWSKI, T. Eficiência agronômica da utilização de Azospirillum na cultura do trigo. Disponível em:<http://www.unicruz.edu.br/seminario/downloads/anais/ccaet/eficiencia agronomica da utilizacao de azospirillum na cultura do trigo.pdf> Acesso em: 06 Jul 2015.

SALA, V. M. R.; CARDOSO, E. J. B. N.; FREITAS, J. G. de; SILVEIRA, A. P. D. da. Resposta de genótipos de trigo à inoculação de bactérias diazotróficas em condições de campo. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/pab/v42n6/v42n6a10.pdf> Acesso em 06 de Jul 2015.




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