Agronomia
USO DE EXTRATO DE ALHO (Allium sativum) NO CONTROLE DE FUNGOS EM SEMENTES
A semente é o meio de propagação da maioria das culturas de importância econômica. Diversos patógenos, como fungos, bactérias e vírus, podem parasitar as sementes e nelas sobreviverem por um longo período de tempo (BRAND et al. 2006).
A maioria dos patógenos causadores de doenças que ocasionam perdas consideráveis em culturas podem ser transportados e transmitidos através das sementes. Por isso, o uso de sementes certificadas e o tratamento das mesmas com bactericidas e fungicidas são práticas de controle extremamente importantes, garantindo produção de mudas de qualidade e controlando doenças.
O tratamento químico de sementes para o controle de fitopatógenos é muito utilizado na agricultura. São muitos os benefícios que esta prática traz para os sistemas de produção, porém, são grandes também os males que ela pode acarretar ao ambiente e ao ser humano. O uso indiscriminado e excessivo de agrotóxicos gerou como conseqüência a constante seleção de pragas, fitopatógenos e daninhas resistentes, o que leva os produtores a aumentar por conta próprio as doses dos produtos, levando-os a entrarem em um ciclo vicioso que pode acarretar mais problemas ainda ao ser humano ao ambiente e que propicia a seleção de mais pragas, daninhas e fitopatógenos resistentes.
Uma das formas de reduzir a dependência dos controles químicos é utilizar métodos alternativos para o controle fitossanitário como, por exemplo, extratos vegetais. Dentre os extratos vegetais mais pesquisados, destaca-se o extrato obtido do alho (Allium sativum). Segundo SOUZA (2010), essa espécie possui duas substancias, a alinase e aliína, as quais são armazenadas de formas distintas. Quando as membranas celulares são rompidas, estas formam a alicina, substância que dá o aroma característico da planta e também atua na defesa da planta. MASUM et al. (2009) relataram que o tratamento de sementes de sorgo com tabletes de alho causou uma significativa redução na incidência de fungos nas sementes.
O extrato de A. sativum (Alho) possui substâncias tóxicas inibidoras sobre diversos organismos (TALAMINI & STADNIK, 2004, citados por Lopes et al., 2001), e em diversos estudos, verificou-se que o mesmo possui ação antifúngica contra Alternaria brasisícola, Botritis sineria, Magnaporthe grisea e Plectosphaerella cucumerina dentre outras (CURTIS et al., 2004 citados por LOPES et al. 2001).
O presente trabalho teve como objetivo coletar dados bibliográficos sobre o controle da incidência de fungos em sementes com extratos de A.sativum e comparar os resultados obtidos.
Palavras-chave: controle biológico; pós-colheita, armazenamento de sementes, extratos vegetais
O extrato de alho (Allium sativum L.) possui propriedades bactericida, fungicida e vermicida conhecidas, sendo muito utilizado na medicina alternativa. Cerca de 30 componentes do alho possuem poder terapêutico e sua capacidade fungitóxica diminui a germinação de esporos de vários fungos patogênicos (SOUZA e SOARES, 2010).
BRAND et al. (2008) testando a eficiência do extrato aquoso de alho na concentração 10% (10g de bulbilhos/90 mL de água) no controle de Colletotrichum lindemuthianum em sementes de feijão (Phaseolus vulgaris) concluíram que o extrato de alho apresentou ação antifúngica sobre o fungo. Verificaram ainda que nas 48, 96, 144, 192, 240 e 288 horas de avaliação, o crescimento do fungo, quando exposto às doses de extrato de alho, mostrou comportamento linear, com redução até a dose de 3,0% (em relação ao meio de cultura) conforme o Gráfico I.
GRÁFICO I - Crescimento micelial de Colletotrichum lindemuthianum, em tempos crescentes de incubação, em função de diferentes concentrações do extrato vegetal de alho (Allium sativum L.).
VENTUROSO (2009) comparando a eficiência do extrato de alho com a eficiência de extratos de outras plantas conhecidas no controle de fungos em sementes de soja (Glycine max), encontrou os resultados apresentados na Tabela I , através da qual, pode se concluir que o extrato aquoso de alho na concentração de 20% obteve eficiência na inibição do crescimento micelial de todos os fungos testados bem como obteve eficiência de inibição entre 69,9% e 98,9%.
TABELA I ? Inibição do Crescimento micelial de fitopatógenos submetidos a diferentes tratamentos dom extratos vegetais.
| Fungos Fitopatogênicos |
Extratos aquosos | Aspergilius sp. | Cercospora kikuchii | Colletotrichum sp. | Fusarium solani | Penicillium sp. | Phomopsis sp. |
Cravo | 100,0 a | 100,0 a | 100,0 a | 100,0 a | 100,0 a | 100,0 a |
Alho | 75,2 a | 89,4 a | 77,2 b
| 69,2 b | 98,9 a | 98,2 a |
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de agrupamento de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Adaptado de VENTUROSO (2009)
ALVES (2008) testando extratos de erva cidreira, manjerona, manjericão, malva, mastruz, losna, alho, gengibre, cravo-da-Índia, cróton selowii, cróton micans, vernonia brasileira, vernonia brasileira (caule), pereiro do sertão, pereiro do sertão (casca), leucena, prótium e calabura no controle de da Antracnose em frutos de pimentão constatou que o extrato aquoso de alho a 30° C e concentração de 6% controlou 100% da incidência da antracnose em frutos de pimentão.
SOUZA e SOARES (2010), testando o uso de extratos aquosos de alho (Allium sativum ) e sisal (Agave sisalana perrine) no controle de Aspergillus niger e da podridão vermelha do sisal, concluiu que o extrato de alho esterilizado por filtração controla o crescimento micelial e esporulação in vitro de Aspergillus niger em 100% nas concentrações acima de 3%.
Conclusões
Com base nos experimentos consultados e na literatura revisada conclui-se que:
- O extrato de alho controla ou inibe o crescimento de vários fungos causadores de doenças de grande importância econômica para diversas culturas no Brasil tais como: soja, feijão e pimentão.
- O extrato de alho apresenta uma alternativa viável para o controle de fungos em sementes e tecnologia de controle de doenças pós-colheita, sendo uma ótima opção para controle de doenças principalmente para agricultura orgânica, onde não se pode fazer o uso de fungicidas químicos.
Referências
ALVES, Kézia Ferreira. Controle alternativo da antracnose do pimentão com extratos vegetais 2008. 47f. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia). Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife - Pernambuco. Disponível em: < http://www.pgfitopat.ufrpe.br/teses/ms119.pdf>. Acesso em: 28 de setembro de 2011.
BRAND, Simone Cristiane et al.. Extrato de alho no crescimento micelial de Colletotrichum lindemuthianum e na indução de faseolina em Phaseolus vulgaris. In: XVII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFIA , X ENCONTRO DE
PÓS-GRADUAÇÃO. 2008. Disponível em:
<http://www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/CA/CA_01031.pdf>. Acesso em: 02 de outubro de 2011.
BRAND, Simone Cristine et al.. Extratos vegetais no controle de patógenos em sementes de cebola. 2006. Disponível em: < www.ufpel.edu.br/cic/2006/arquivos/CA_00542.rtf>. Acesso em: 02 de outubro de 2011.
LOPES, Izabela Souza et al.. Avaliação antifúngica do extrato de Allium sativum L. no controle de fungos em sementes de Anadenanthera colubrina. Disponível em: < http://eduep.uepb.edu.br/biofar/v6n1/avaliacao_antifungica.htm>. Acesso em: 27 de setembro de 2011.
MASUM, M. M. I. et al.. Effect of seed treatment practices in controlling of
seed-borne fungi in sorghum. Scientific Research and Essay Vol. 4 (1), pp. 022-027, January, 2009. Disponível em:
<http://www.academicjournals.org/sre/PDF/pdf2009/Jan/Masum%20et%20al%20Pdf.pdf>. Acesso em: 31 de outubro de 2011.
SOUZA, Liliane Santos Sales; SOARES, Ana Cristina Firmino . Extratos aquosos de alho (Allium sativum L.) e sisal (Agave sisalana Perrine) no controle de Aspergillus niger e da podridão vermelha do sisal 2010. 79 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Amas - Bahia. Disponível em: . Acesso em: 29 de setembro de 2011.
VENTUROSO, Luciano dos Reis. Extratos vegetais no controle de fungos fitopatogênicos à soja. 2009. 99f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal). Universidade federal da Grande Dourados, Dourados ? Mato Grosso do Sul. Disponível em: <http://www.ufgd.edu.br/tedesimplificado/tde_arquivos/1/TDE-2009-10-26T080952Z-91/Publico/LucianoReisVenturoso.pdf>. Acesso em: 29 de setembro de 2011.
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