Após acumular alta de 62% nos últimos dois anos, o milho deve cair mais de 30% até o final de 2012. Segundo analistas do mercado de grãos, o preço pode passar do atual patamar de US$ 6 por bushel (25,4 quilos) para US$ 4 por bushel no segundo semestre deste ano, em resposta à supersafra americana de 2012/13. O resultado deve ser um aumento de 20% na produção americana, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (Usda), para 376 milhões de toneladas. "Isso levará o preço do milho a US$ 4 por bushel até o final de 2012 e deve permanecer assim até 2013", disse Kona Haque, da consultoria europeia Macquaire Capital, ontem, durante seminário promovido pela BM&FBovespa. O aumento da produção brasileira também contribui para essa previsão. "A segunda safra de milho deve ficar em 34 milhões de toneladas, o que dá um incentivo adicional à pressão de baixa nos preços", diz André Pessôa, presidente da Agroconsult. Com a safra de verão, a produção brasileira deve atingir 70 milhões de toneladas de milho, segundo ele. Pessôa considera que o patamar de US$ 4 por bushel para o cereal é um "alerta" para a rentabilidade dos produtores de soja na safra 2013/14. A avaliação é que, diante dos baixos preços do milho nos próximos meses, os produtores americanos migrem para a soja na próxima safra. Fernando Muraro, diretor da AgRural, também acha possível que os preços caiam a US$ 4 por bushel, mas espera a volatilidade típica do "mercado de clima" nos próximos meses. LONGO PRAZO Se para o curto prazo a tendência é de desvalorização, no longo prazo a expectativa é de preços firmes. "O ciclo das commodities não acaba amanhã", diz Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco. O crescimento da população e o avanço dos emergentes vão garantir demanda futura por alimentos, diz ele. Anderson Galvão, diretor da consultoria Céleres, também prevê preços firmes para o milho. E Kona Haque estima valores elevados no médio e no longo prazo. "Em 2020, a China deve importar 20 milhões de toneladas de milho e 100 milhões de toneladas de soja", estima. Hoje, a compra de milho está próxima a 7 milhões de toneladas e a de soja, de 56 milhões de toneladas. |