Fertilidade e adubação do solo introdução
Agronomia

Fertilidade e adubação do solo introdução


Fertilidade e adubação do solo

CONCEITOS
Fertilidade do solo: capacidade do solo em fornecer nutrientes às plantas e garantir que os nutrientes sejam absorvidos.
Fertilidade natural: fertilidade do solo sem a ação antrópica
Fertilidade potencial: fertilidade apresentada pelo solo sem se levar em conta os fatores limitantes
Fertilidade atual: fertilidade apresentada pelo solo após a ação antrópica

NUTRIENTES ESSENCIAIS
OBRIGATÓRIOS!!!
Critérios da essencialidade:
1º- A planta não completa o ciclo sem o elemento.
2º- A carência do elemento não pode ser suprida por outro elemento.
3º- O elemento essencial faz parte de um composto essencial ou está intimamente associado á fisiologia da planta.
Os nutrientes essenciais são:
Macronutrientes
Utilizados em grande quantidade. Expressos em dag/Kg.
São eles: N, P, K, Ca, Mg, S.
Os macronutrientes podem ainda ser subdivididos em:
Macronutrientes primários: principais compostos de adubos comerciais.
São eles: N, P, K
Macronutrientes secundários: contaminantes de adubos onde os macronutrientes primários são os componentes principais.
Exemplo: superfosfato simples Ca3(PO4)2
P- elemento desejado
Ca - contaminante


Micronutrientes:
Utilizados em pequenas quantidades. Expressos em mg/Kg
São eles: Zn, B, Fe, Mn, Mo, Cl, Cu, Ni.
Elementos benéficos:
A planta completa o ciclo sem o elemento, mas completa melhor com ele.
São eles: Si, No, Se, Co.
Ex: Silício (Si) cria uma camada entre a cutícula e o parênquima paliçádico impedindo que esporos de fungos alcancem o parênquima paliçádico e se desenvolvam.

LEIS DA ADUBAÇÃO
Tipos de adubação:
Adubação incorporada: adubo recoberto pelo solo
Adubação não incorporada: adubo recobre o solo
Adubação a lanço: adubo é jogado sobre todo o solo, podendo ser incorporada ou não.
Adubação localizada: adubo tem uma posição específica para ser colocado, podendo ser incorporado ou não.

LEIS DA ADUBAÇÃO

Lei de Liebig, lei do mínimo ou lei do barril
A produção vegetal está limitada pelo elemento nutriente essencial em menor nível. Se um único nutriente estiver em baixo nível, ele limitará a produção.
Lei de Micherlich ou lei dos incrementos menos que proporcionais
Nível crítico: dose de nutrientes a partir da qual o aumento da dose não aumenta a produção de matéria seca.
À proporção que se aumenta a dose de adubação o incremento de produção se torna menor.

Lei do máximo
A produção vegetal está limitada pelo nutriente essencial em nível tóxico.

Lei da interação
Um nutriente interfere na utilização do outro nutriente pela planta.
Essa interferência pode ser:
Sinergética: um nutriente melhora a utilização do outro
Antagônica: um nutriente diminui a eficiência de utilização do outro.

Lei da Restituição
A adubação deve fornecer os nutrientes exportados pela cultura ou perdidos pelo solo.
Capacidade tampão: habilidade do solo de impedir as variações bruscas de concentração.
A cada 10 a 15 átomos de P colocados em solo brasileiro, recupera-se um.
Todo processo de absorção se da através da água.

Lei da qualidade biológica
A adubação não tem o objetivo de aumentar a produção e sim de aumentar a qualidade da produção.

AMOSTRAGEM DE SOLO

1º - Buscar as áreas homogenias (glebas homogenias) de acordo com o histórico, relevo, cor etc..
2º - Nº de amostras por área homogenia:
20 a 30 amostras simples para se formar uma amostra composta.

3º - Posição da amostra:
- Em culturas de ciclo curto, coletar amostra na entre-linha pois o adubo presente na linha influenciará o resultado das análises.
- Em cultura perenes implantadas, amostrar na linha (projeção da copa).
- Área pré plantio - caminhamento em zig-zag simplesmente.
Obs.: para todos as amostras, seja na linha ou na entrelinha sempre deve-se fazer caminhamento em zig-zag para que a amostragem não seja tendenciosa.

4º - Profundidade da amostra
- Áreas de primeiro ciclo ou áreas virgens:
0 - 20 cm - para recomendação de calagem a edubação
20 - 40 cm - para recomendação de gessagem
40 - 60 cm - para recomendação de gessagem
- Áreas já implantadas
0 - 20 cm

- Pastagens
0 - 5 ou 0 - 7 cm

Para SPD - amostragem na linha para saber se o nutriente aplicado foi bem absorvido
0 - 5 cm/ 5 - 10 cm/ 10 - 20 cm.

5º - Época de amostragem
Maio e junho

6º - Equipamento de amostragem
Trado de rosca, trado calador, trado holandês, trado de caneco, pá reta ou comum ou enxada ou enxadão.
Canivete
Sacos plásticos: um de 1Kg e vários de 100 ml
3 baldes de cores diferentes

7º Procedimentos
COM TRADO
Limpar a superfície do solo.
Tradar a terra a profundidade de 20 cm
Recolher a amostra em um balde
Tradar a 40 com
Recolher em outro balde
Tradar a 60 cm
Recolher em outro balde
COM ENXADA
Limpar a superfície
Abrir um buraco com 20 cm de profundidade com uma face que permita corte com a pá.
Cortar com a pá 2 cm de largura e 20 de profundidade. Da fatia de solo que foi retirada cortar uma região central de 5 cm. Repetir para 40 e 60 cm.



8º Quarteamento
Destorroar o solo, colocar sobre uma lona limpa e homogeneizar. Dividir em quatro partes e reservar uma. Repetir o procedimento até completar 200 a 300 mL de solo.

9º Identificação da amostra
Deve seguir junto com a amostra na sacola de 100mL escrito a grafite.


FORMAS DE CHEGADA DO NUTRIENTE ÀS PLANTAS
Alguns conceitos:
Absorção: processo orgânico, passagem por membrana
Adsorção: processo inorgânico, ligação a uma superfície
1. Interceptação:
Encontro de nutrientes ao acaso durante o crescimento raducular
2. Transporte de nutrientes
Fluxo de massa: Nutrientes absorvidos juntamente com a água da solução do solo quando é absorvida para satisfazer as necessidades transpiratórias da planta.

3. Difusão
Rizosfera: região de contato íntimo entre a raiz e o solo.
Passagem de nutrientes da micela à solução, e da solução à rizosfera que por sua vez absorve o nutriente através de carregadores.

Fatores que interferem na interceptação
Umidade: irrigação
Estrutura e compactação do solo: SPD, manejo correto (mínimo de maquinário), M.O.
Concentração do elemento na solução do solo: adubação, relação do elemento com a micela.
Espécie da planta
Idade da planta
Temperatura

Fatores que interferem o fluxo de massa
Umidade do solo: Irrigação
Concentração do elemento na solução do solo: relação do elemento com a micela, adubação.
Temperatura: quanto maior a temperatura, maior a transpiração
Umidade relativa: quanto maior a umidade relativa, menor a transpiração
Idade da planta: quanto maior a área foliar, maior a transpiração
Espécie da planta: limbo foliar varia, e com ele a transpiração.


Fatores que interferem na difusão
Umidade do solo.
Concentração do elemento em solução.
Temperatura: quanto maior a temperatura mais rapida será a difusão
Tortuosidade do solo: complexidade do caminho a ser percorrido. Manejo, textura e estrutura do solo, teor de matéria orgânica, compactação, manejo correto.
Espécie e idade: estabelecem a concentração na risosfera ( superfície da raiz).
Comportamentos para melhorar a chegada de nutrientes à raiz

Irrigação.
Manejo correto: uso de maquinário, adoção do SPD, manejo da matéria orgânica
Adubação: qualidade e quantidade correta de adubação e na fonte correta.

Imobilizaçâo
Passagem do elemento da forma mineral para a forma orgânica.
Ralação carbono/nitrogênio controla a degradação de matéria orgânica no solo.
Relação C/N ideal: 20 a 30:1
Mineralização
Passagem do elemento da forma orgânica para forma inorgânica
Ex: palha de milho tem relação C/N entre 80 e 100:1, o que ocasiona baixa atividade biológica. Por isso, após algum tempo a palha continua igual.
Imobilização > mineralização
Ex: estercos tem relação C/N entre 20 e 30:1.
Mineralização > imobilização
Compostagem
Processo de degradação biolócica com relação C/N controlada. É um processo aeróbio por isso o excesso de água pode ocasionar a presença de fermentadores anaeróbicos e com a isso a presença de extremófilos acarretando a produção de inflamáveis.
3 a 4 balaios de palha para um de esterco
Se a temperatura subir muito: esterco em excesso
Se a temperatura estiver muito baixa: palha em excesso


FATORES INTENSIDADE (I), QUANTIDADE (Q) E CAPACIDADE (C)



Alguns conceitos:

Adesão: atração entre partículas de estado físico diferentes
Coesão: atração entre partículas de estado físico iguais
Ponto de murcha: ponto de absorção de água a partir do qual a planta consegue se reidratar se a água for fornecida
Ponto de murcha permanente: ponto de absorção de água a partir do qual a planta não se recupera e morre!

Fator intensidade

É a concentração do elemento em solução
Fator quantidade
É a quantidade do elemento retido na micela, lábil ou não.
Fator capacidade
Habilidade em converter quantidade em intensidade
Depende da relação do elemento com a micela. Varia entre solos, entre elementos e em um mesmo elemento, varia de acordo com a forma química que o elemento estiver.
Ex: como os solos brasileiros são predominantemente eletronegativos, ao se aplicar nitrogênio na forma de nitrato (NO3-) ocorre repulsão entre o elemento e a micela. Ao se aplicar nitrogênio na forma de amônia (NH4+), ocorre atração entre o elemento e a micela.
NO3-: fator intensidade é grande e o fator capacidade não é muito importante
NH4+: fator intensidade pequeno, fator quantidade grande e fator capacidade muito importante.

CAUSAS DA ACIDIFICAÇÃO PROGRESSIVA DO SOLO


Os solos brasileiros são ácidos em sua grande maioria

1º - Lixiviação das bases
2º - Exportação das bases pela cultura
3º - Atividade biológica no solo também gera compostos de caráter ácido
4º - Utilização de adubos de caráter ácido
Ex: (NH4)2SO4 -> 2NH4+ + SO2-
O 2NH4+ sofre nitrificação gerando 2NO3- que é a forma preferencial de absorção pelas plantas. Mas também é a forma mais contaminante pois não fica adsorvido na micela e lixívia contaminando o lençol freático. Os 8H+ que ficam no solo causam a acidificação.
Obs: Cada Kg de N aplicado na forma sulfato de amônio, 5,3 kg de calcário são neutralizados.

CONSEQUÊNCIAS DA ACIDIFICAÇÃO PROGRESSIVA DO SOLO

Abaixamento do pH: o valor do pH controla a disponibilidade de outros nutrientes
Toxidez de H: diminui a fluidez da membrana plasmática e assim diminuindo a capacidade de absorção.
Toxidez de Al3+: Toda vez que o ph estiver ? 5,5 ocorre a seguinte reação:
Al3+ + 3OH- -> Al(OH)3 (gibsita)... ou seja o pH acima de 5,4 torna o alumínio não tóxico, pois sua forma tóxica é o Al3+.
Toxidez de Fe e Mn: A disponibilidade desses nutrientes aumenta com a redução do pH.
Fe: aumenta 1000 vezes ao abaixar uma unidade de pH
Mn: aumenta 100 vezes ao se abaixar uma unidade de pH
Queda da disponibilidade de macronutrientes:
N P K Mg Ca S
Toxidez de alumínio (Al3+)
Por ser mais eletro positivo o Al3+ compete com o Ca2+ na formação da parede celular, mais necessariamente na formação do pectato de Ca que passa a ser pectato de Al, interferindo no diferenciamento celular e constantemente no crescimento.
Se o Al3+ for absorvido pela célula
Ele interfere na formação das fibras mitóticas fazendo com que a divisão ocorra irregular e assim as células terão numero irregular de cromossomos.
Al3+ interfere na ação do mRNA atrapalhando o fluxo da informação gênica e bagunçando a atividade celular.
Sintoma da toxidez de Al3+
Raízes com pontas arredondadas, menos pelos radiculares e raízes secundárias: diminui a superfície de contato e a absorção de água e nutrientes. Também diminui o poder de sustentação da raiz.
Raízes ?bronzeadas?: Causadas por doenças oportunistas, decorrente da ruptura das células do periciclo.

Formas de controle da toxidez de Al3+

Aplicação de calcário na forma CaCO3
CaCO3 ->Ca2++CO32-
CO32- + 2H2O ->CO32- + 2H2 + 2OH-
CO32- + 2H2 -> H2CO3 -> CO2 + H2O
O CO2 é um gás e vai para a atmosfera, sobram então Ca2+ , 2OH- e H2O
O carbonato causa a subida do pH e o OH- ao reagir com o Al3+ causa a formação da gibsita colocando a Al3+ em sua forma não tóxica.



loading...

- Explicação Da Lei Do Mínimo Ou Do Barril
Essa semana uma leitora, estudante de gestão ambiental me enviou uma dúvida por e-mail. A questão que ela precisava responder era a seguinte: Apresente e comente três exemplos que explicam a Lei dos Mínimos de Liebig. Esses exemplos podem variar...

- Adubação Foliar De Plantas - Parte 1
Vantagens- Resposta mais rápida que a adubação via solo, pois a planta não compete com a micela do solo para absorver os nutrientes;- A velocidade da aplicação se comparado com adubação via solo;- As doses são menores, logo ocorre economia com...

- Adubação Foliar Em Tomateiro
Por: Ana Júlia Ribeiro dos SantosEscrito em abril de 2012 1. Introdução O tomate é uma das hortaliças de maior importância econômica no Brasil, sendo um alimentos constantemente presente na dieta dos brasileiros. Por isso existe uma grande e constante...

- Formas De Chegada De Nutrientes à Rizosfera.
Entende por rizosfera, a região de contato íntimo entre a raiz e o solo. Em outras palavras, a rizosfera é a superfície raducular. Interceptação radicular: corresponde à quantidade de nutrientes que a planta escontra disponível na superfície...

- Introdução à Nutrição Mineral De Plantas.
Existem alguns nutrientes que são essenciais para as plantas. Para ser considerado essencial, o nutriente tem que responder aos três critérios da essencialidade. (A TODOS OS TRÊS) Os critérios da essencialidade são: A planta não completa o ciclo...



Agronomia








.