Agronomia

Feijão - Mercado

1 - Introdução

O feijão representa uma grande fonte protéica da dieta humana em países em desenvolvimento das regiões tropicais e subtropicais. As Américas são responsáveis por 43,2% do consumo mundial, seguidas da Ásia (34,5%), África (18,5%), Europa (3,7%) e Oceania (0,1%) (WANDER, 2005).

Cultivado por pequenos e grandes produtores, em diversificados sistemas de produção e em todas as regiões brasileiras o feijão é parte da cesta básica dos brasileiros. Dependendo da cultivar e da temperatura ambiente, pode apresentar ciclos variando de 65 a 100 dias, o que o torna uma cultura apropriada para compor, desde sistemas agrícolas intensivos irrigados, altamente tecnificados, até aqueles com baixo uso tecnológico, principalmente de subsistência. Mesmo com toda essa diversidade a produtividade média obtida no Brasil ainda é baixa.

A simples adoção de medidas e tecnologias já disponibilizadas poderia mudar esse patamar, porém existem muitas falhas na chegada da informação e dessas tecnologias, principalmente aos pequenos e médios produtores, responsáveis por maior parte da produção.

As variações observadas na preferência dos consumidores, orientam a pesquisa tecnológica e direcionam a produção e comercialização do produto, pois as regiões brasileiras são bem definidas quanto à preferência do grão de feijoeiro comum consumido. Determinadas características como cor, tamanho e brilho apresentados pelo grão, podem determinar o seu consumo.

2. Economia e Mercado

2.1 Mercado atual e tendências futuras para o mercado de feijão

Como o arroz, o feijão é parte da cesta básica dos brasileiros. O feijão tem uma taxa anual projetada de aumento da produção de 0,9% e consumo ao redor de 1,1% ao ano, para o período 2010/2011 a 2020/2021 (MAPA 2011)

O consumo médio anual de feijão tem sido de 3,5 milhões de toneladas, exigindo pequenas quantidades de importação. As projeções de produção e consumo indicam que pode haver alguma importação de feijão nos próximos anos. Porém, a magnitude dos números de importação, entre 150 mil e 200 mil toneladas nos próximos anos corresponde a mais do que se tem importado no Brasil em anos recentes (CONAB, 2011 citado por MAPA, 2011)

As informações sobre consumo, importação e produção atuais e futuros do feijão estão resumidas na FIGURA 1.

FIGURA 1 - Produção, Consumo e Importação de Feijão (mil toneladas)

Taxa de crescimento (%) 2010/11 a 2020/21 - Produção: 0,9% Consumo: 1,1% Importação: 2,0%

Fonte: AGE/Mapa e SGE/Embrapa

2.1.1 Oferta e demanda

Segundo Ferreira et al. (2003) oferta de feijão ocorre na primeira safra principalmente nas regiões Sul e Sudeste e na Região de Irecê, na Bahia, cuja colheita está concentrada nos meses de dezembro a março. A colheita da segunda safra acontece entre os meses de abril e julho e a terceira safra, em que predomina o cultivo de feijão irrigado, está concentrada nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás/Distrito Federal e oeste da Bahia, sendo ofertada, no mercado, entre julho e outubro (FERREIRA et al. 2003). Embora estes períodos apresentem variações em diferentes anos, pode se concluir que existe colheita praticamente o ano todo.

Segundo Wander (2005) no período de 1975 a 2002, o consumo per capita de feijão no Brasil teve uma redução de 12%, passando de 18,5 kgano-1 para 16,3 kgano-1. Ainda de acordo com Wander (2005), não obstante essa redução e o aumento de cerca de 30% da produção nacional, o país ainda possui uma ampla demanda insatisfeita, por não produzir o suficiente para atender ao mercado interno, necessitando, para tanto, de fazer seguidas importações.

2.1.2 Preço

Segundo o site Agrolink, a contação do feijão em 19 de abril de 2012 para o estado de Minas Gerais foi de R$195,00 (pagamento a vista).

Segundo o Centro de Inteligência do Feijão (CiFeijão) o preço do feijão disparou em Minas e chegou a ter alta de 74,92% no acumulado dos últimos 12 meses terminados em abril, segundo o site Mercado Mineiro. Para o Ceasa Minas, o motivo do aumento no preço do feijão é a baixa oferta. Considerando março, que é o último mês fechado, o preço médio do quilo do feijão carioquinha foi de R$ 3,50 enquanto que, em igual mês do ano passado, era de R$ 2,55. No período, a oferta caiu 11,6%.

2.2 Reflexos da estiagem na região sul

Segundo publicado no dia 19 de Abril de 2011 no Jornal do Brasil, em 1ª safra estima-se uma produção de feijão grão de 1.708.768 toneladas, 2,7% menor que em fevereiro. A região Sul, que em 2011 foi a maior produtora (38,8%), reduziu sua participação para 29,9% devido ao reduzido volume de chuvas.

Segundo dados do IBGE é prevista uma redução de 0,9% na safra de grãos nacional. Redução também influenciada pela seca ocorrida no sul além da redução da área plantada que ocorreu no país.

A redução da produção no sul, afetou a oferta de feijão em Minas Gerais em primeira safra, aumentando significativamente o preço da saca e o preço do quilo de feijão que chega ao consumidor.

2.3 Safra 2011/2012

A produção mineira de feijão deve alcançar 606 mil toneladas, volume 4,1% superior ao da safra de 2011. Os 403,6 mil hectares plantados no Estado equivalem a um ganho de quase 1% em relação à área do período anterior, e a produtividade de 1,5 toneladas por hectare equivale a um crescimento de 3,5% (Secretaria de Estado de Agricultura Pecuária e Abastecimento - SEAPA-MG).

Segundos dados da CONAB a produção de feijão nacional em 1ª safra foi de

1.348.000 toneladas (levantamento de Abril), o que representa uma redução de 19,8 % em ralação à1ª safra do ano passado (1.680.000 toneladas).

2.4 Custos de produção

O custo de produção de feijão por área na 1º safra de 2010 está especificado no Quadro 1 tendo como região de referencia o estado de São Paulo.

No Quadro 2 é apresentado o custo de produção de 2011 estimado em uma área com Plantio Direto em Minas Gerais, tendo como referência a região de Unaí.

Quadro 1 - Feijão Custo de Produção (R$/há) - 2010 (estado de referência: SP)

Gasto	1ª Safra
	50 sc/ha
	Custo (R$/ha)
Operações	1130
Insumos	978
Administração	317
Pós-colheita	88
Total (R$/há)	2513
Total (R$/sc 60Kg)	50,2
Margem sobre venda	38%

Fonte: AGRIANUAL 2011

Quadro 2 - Custo de produção estimado para feijão - Plantio Direto. Safra de verão - 2011/2012 (Unaí - MG)

Gasto	Custo (R$/ha)
Custeio da lavoura	1.752,32
Outras despesas	172,87
Despesas Financeiras	53,98
Outros custos fixos	101,88
Depreciações	259,68
Renda de Fatores	518,63
Total	2.859,36

Fonte: CONAB (Elaboração: CONAB/DIGEM/SUINF/GECUP)

Nota - Produtividade média: 2400Kg/ha

Bibliografia Consultada

AGROLINK. Cotações: Feijão. Disponível em:

< http://www.agrolink.com.br/cotacoes/Produto.aspx?c=46>. Acesso em: 19 de abril de 2012.

Centro de Inteligência do Feijão. Preço do feijão em Minas tem alta de 75%, nos últimos 12 meses . Disponível em:

< http://www.cifeijao.com.br/index.php?p=noticia&idN=8019. Acesso em: 19 de abril de 2012.

Centro de Inteligência do Feijão. Feijão transgênico desenvolvido pela Embrapa é aprovado no Brasil. Disponível em: . Acesso em: 12 de abril de 2012.

CHAGAS, J. M. et al.. Produtividade e custos de produção do feijão em diferentes níveis tecnológicos. Informe agropecuário. Belo Horizonte, v. 25, n. 223, p. 7-12, 2004.

Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira. Grãos. Safra 2011/2012. Sétimo Levantamento. Abril de 2012. Disponível em:

. Acesso em: 19 de abril de 2012.

Conselho Estadual de Política Agrícola. Safra de feijão aponta para recorde. Disponível em: . Acesso em: 13 de abril de 2012.

FERREIRA, C. M. et. al.. Cultivo do Feijoeiro Comum: Mercado e Comercialização. Disponível em: . Acesso em: 05 de abril de 2012.

IBGE. Lavouras: Produção de cereais, leguminosas e oleaginosas ? terceira estimativa da safra 2012, em nível nacional, em relação à produção obtida em 2011. Disponível em: . Acesso em: 17 de abril de 2012.

Jornal do Brasil. Em março, IBGE prevê safra de grãos 0,9% menor que em 2011. Disponível em: . Acesso em 11 de abril de 2012.

Jornal Estadão. Feijão transgênico tem venda liberada. Disponível em:

< http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,feijao-transgenico-tem-venda-liberada,773227,0.htm>. Acesso em: 10 de abril de 2012.

JÚNIOR, T. J.P. et al. Manejo Integrado de Doenças do Feijoeiro . Informe agropecuário. Belo Horizonte, v. 25, n. 223, p. 99-112, 2004.

JÚNIOR, T. J. P et al. 101 Culturas: Manual de Tecnologias Agrícolas. Feijão. p 331-342. Belo Horizonte: EPAMIG, 2007. 800p

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Brasil Projeções do Agronegócio 2010/2011 a 2020/2021. Brasília, junho de 2011. Disponível em:

. Acesso em: 05 de abril de 2012.

RAMALHO, M. A. P. et al.. Cultivares. Informe agropecuário. Belo Horizonte, v. 25, n. 223, p. 21-32, 2004.

Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária. Cultura - FEIJÃO. Disponível em: . Acesso em: 14 de abril de 2012.

Secretaria de Estado de Agricultura Pecuária e Abastecimento. Produção mineira de cana e grãos cresce em 2012. Disponível em: . Acesso em: 12 de abril de 2012.

SILVA, C. C.. Cultivo do Feijoeiro Comum: Plantio. Disponível em:

. Acesso em: 15 de abril de 2012.

WANDER, A. E.. Cultivo do Feijão Irrigado na Região Noroeste de Minas Gerais: Introdução e Importância Econômica. Disponível em: < http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/FeijaoIrrigadoNoroesteMG/index.htm>. Acesso em: 07 de abril de 2012.

WANDER, A. E.. Cultivo do Feijão da Primeira e Segunda Safras na Região Sul de Minas Gerais: Mercado e Comercialização. Disponível em: . Acesso em: 07 de abril de 2012.

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